segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Reflexão final: considerações sobre o trabalho



Por Mauricio Rodrigues

O trabalho do Núcleo de Teatro foi durante todo o ano sustentado por uma prática de treinamento de ator e experimentos cênicos. Estes experimentos tinham como referências principais dois teóricos: Stanislavski e Grotowski.

Neste ano participei do Núcleo de Teatro e senti que o projeto estava criando muitas demandas. Foi um ano com bastante trabalho e movimentos. Iniciamos o ano de 2010 trabalhando basicamente com treinamento de ator e estudos de textos teóricos. Logo depois montamos o espetáculo teatral “... E o gato não comeu!!!!!” e começamos a apresentá-lo em escolas e para escolas. Foi aí que surgiu o espetáculo-jogo, que é o atual formato da peça, onde explicitamos o jogo teatral, tendo assim um resultado mais pedagógico por mostrar para as crianças como funciona o teatro.

Fizemos várias apresentações na cidade de Pelotas e redondezas levando o espetáculo-jogo e mantendo esse diálogo com o público, sempre explicando o funcionamento do jogo, a fim de estimular as crianças à prática teatral.

Trabalhamos também com outra peça chamada “A História é uma História”, que foi dirigida por Elias Pintanel, nosso colega.

Para dar conta deste aumento de solicitações do trabalho o elenco trabalha no mínimo vinte horas por semana. Este tempo é dividido em ensaios, estudos, reuniões, organização do ambiente de trabalho, treinamento de ator, apresentações de espetáculos e oficinas.

Sinto que o ano de 2010 foi bastante produtivo. Acredito que o grupo teve muitos ganhos e progressos. Como a produção intensa. Considero o contato com as escolas e com as crianças o ponto principal no meio da extensão. Acho que a contribuição com a comunidade e com o próprio curso de Teatro da UFPel foi muito grande. O curso estará formando licenciados em teatro no próximo ano e este contato das escolas com o fazer teatral contribuirá e facilitará o trabalho desse grupo em sala de aula.

Acho que este ano a contribuição maior na minha formação de ator foi trabalhar com a flexibilidade. Tivemos vários problemas para serem resolvidos e tivemos de achar soluções. Foi bom para eu compreender que os trabalhos podem acontecer mesmo com esses obstáculos. O grupo se reunia e encontrava estratégias de trabalho. Acho que isto contribuiu com todo o elenco na área da improvisação. Aumentados nossas capacidades de jogo, acredito.

Considero que 2010 como um passo muito grande na formação de público, o que sempre foi uma das principais preucupações do projeto.

Espero que em 2011 esse trabalho continue andando e evoluindo. E eu acredito nisso.

Reflexão final: teatro e formação

Por Mauricio Mezzomo Dias

O trabalho no Núcleo de teatro da UFPel no período de 2010 se embasou principalmente em dois teóricos de fundamental importância para o teatro, Stanislavski e Grotowski. Uma das principais referências a partir deles foi o método das ações físicas, ainda assim ao final desse ano permanecem muitas duvidas sobre o que é ação física, alias, as duvidas têm sido as principais movimentadoras dentro do meu trabalho dentro do núcleo.

Além desses dois teóricos, fizemos estudos sobre a anti-ginástica de Thérèse Bertherat, que influenciou no percurso do treinamento de ator, que a principio eram realizados no mínimo três vezes por semana e depois foram diminuindo em função das apresentações, que vejo também como um processo de treino constante, que inclui a preparação corporal e vocal bem como o exercício constante do jogo teatral.

Compreendo o trabalho do núcleo a partir de uma série de exercícios diários realizados, como treino, leitura e reflexão de textos teóricos, organização do ambiente de trabalho, tudo isso parte de dois pontos que acabam por convergir, de um lado o trabalho sobre si e de outro o processo de grupo, duas experiências edificantes no processo de formação profissional e humana.

Vim a pelotas buscando um lugar para aprender e refletir sobre o trabalho que já vinha desenvolvendo no grupo de teatro que fazia parte. Chegando aqui, antes mesmo do começo das aulas já começavam minhas atividades no núcleo. Fui convidado a participar deste projeto por Rodrigo Rocha, que foi integrante do núcleo. Encontrei aqui o ambiente que satisfez meus anseios iniciais, não encontrei soluções, mas trabalho e fui ao longo do ano reconstruindo idéias sobre teatro e ampliando minha consciência de sua pluralidade.

Conceitos como movência e autonomia são principais no que tange a organização de todos os processos do núcleo. A constante mudança e a capacidade de decidir são exercícios absorvidos mais lentamente, talvez essa seja uma das dificuldades para o iniciado nesse processo.

No decorrer do ano apresentamos trabalhos como: “... e o gato não comeu!!!”, apresentado 38 vezes, além de “A História é uma istória” e “Comédia de improviso”, não só isso, também intervenções e até trabalhos que o processo foi iniciado, porém não levado a público.

Estive envolvido em todas essas apresentações e participei como músico, do espetáculo “La cantante,¿Por que no?”, aprendi e contribuí também com processos administrativos, produção e com a construção de alguns materiais gráficos do núcleo.

Sem duvida um dos trabalhos mais efetivos na comunidade e prazeroso de fazer, além de ter envolvido todo o grupo que esteve no núcleo por um período mais longo, foi o espetáculo “...e o gato não comeu!!!”, um espetáculo que não só levou diversão, mas que sofrendo uma transformação, passou a espetáculo jogo, uma forma de ensinar o teatro para todos, principalmente, “para crianças de 3 a 99 anos” na fala do coordenador do núcleo, Adriano Moraes.

2010 foi um dos anos mais produtivos em minha vida, no que diz respeito a formação profissional, e não contribuiu menos com a formação humana. Sinto que contribuí com um momento importante na história do projeto. Findo o ano de atividades e meu texto dizendo que estou feliz e com pessoas que fizeram o ano valer a pena.

Reflexão final: teatro é encontro


Por Elias Pintanel

Eles continuaram a me acompanhar: Stanislavski e Grotowski. Houve uma compreensão melhor de alguns aspectos das duas poéticas, graças às montagens feitas nesse ano e com as análises feitas em cima delas e de outras que vimos. O diálogo que se estabeleceu esse ano entre os membros do Núcleo Fez muita diferença para a absorção destas poéticas. Alguns livros que li esse ano me ajudaram também, como A Ostra e a Pérola da Adriana de Mariz, Diálogo sobre Encenação, Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski, entre outros livros, enfim, os comentários e as ligações feitas sobre eles... As leituras individuais que fiz junto as do Núcleo foram importantes nesse ano para realizar e entender melhor as montagens que fizemos e o nosso próprio trabalho no Núcleo.

Fizemos “...E o gato não comeu!!!!!”, “A história é uma história”, “Comédia de Improviso”, “La cantante porque no?”. Mesmo com as dúvidas que sempre estão vivas e corroendo, sinto que neste ano a montagem de um “personagem”, de uma partitura de ações, o envolvimento em ensaios e estudos, aconteceu de uma compreensão mais clara que o ano passado. Como os dispositivos para a criação do “personagem”, composição das cenas, marcas, uma compreensão do urdimento (algo que eu não sabia o que era, nunca tinha trabalhado num teatro).

Ter trabalhado no Teatro do COP esse ano me fez ter um outro contato com o teatro. O Palco. A Caixa Preta. O Urdimento. O Altar. Pela primeira vez eu apresentei uma peça num teatro à italiana. Ainda gosto mais do “não-palco”. Do espaço feito pela peça, pelo jogo, como em CRIAS, como na COTADA e na RECOTADA, ou como nas próprias apresentações do “gato” nas escolas.

O trabalho feito nas escolas foi muito interessante, por muitos motivos: o jogo sendo o foco principal, o trabalho do ator em relação a apresentação, se adequar ao espaço de apresentação, ao papel, a resposta imediata do público. Deixo aqui uma citação de Grotowski que fala que “Teatro é encontro”, ele diz isso no livro Em Busca de um Teatro Pobre, sentimos isso na pele. Era preciso estar inteiro em cena como Grotowski diz, para o jogo e o envolvimento acontecer, entre o ator e o público.

Mas foi muito bom, sentir a energia sendo trocada nas apresentações. O maldito Artaud estava certo! Nenhum gesto pode ser repetido! Em algumas apresentações A Peste entrava em rigor.

Uma coisa que gostei muito foi a eliminação de certos acessórios, figurinos e maquiagem. Está certo que o palco nu, a peça quase sem elementos cansa, mas com o “gato” não cansou. O jogo ficou gostoso. E colocar o corpo do ator em evidência, o seu trabalho, foi o mais importante. Outro momento para lembrar de Grotowski, que fala que o teatro pode existir sem figurino, sem maquiagem, sem luz, sem música, sem cenário, mas com o atr e o público. Foi bom poder experimentar e brincar com isso.

Tenho que falar sobre mim no trabalho. Mas não posso falar de mim sem falar de quem trabalhou comigo. Foi importante esse ano, uma nova forma de se ver o trabalho em grupo e de se colocar nele. A saída e entrada de pessoas no Núcleo teve o seu lado bom e que constitui os nossos caminhos, o que é óbvio, mas é preciso dizer isso. Sinto falta de um comprometimento do grupo por inteiro. Às vezes levamos, durante o ano, algumas pessoas de arrasto, era o que parecia, mas que me fez entender outra coisa também: a não firmeza e insegurança de dizer EU FAÇO TEATRO, mas sim, um ar de exibicionismo de pura idiotice de dizer isso sem realmente assumir o trabalho, e falar EU FAÇO TEATRO querendo ser a estátua douradinha do OSCAR sempre! Não tem problema em tentar conseguir... Mas vocês me entendem.

No começo do próximo ano vou focar o trabalho em mim. Explorar mais fundo o que Grotowski e Antunes Filho falam do trabalho do ator e seu envolvimento. Eu sei que vai ser um desafio, que vai ser difícil, mas se eu não fizer isso, eu continuarei com dúvidas, com um certo vazio, sem me por alguns limites, em risco, numa tensão, no silêncio, na solidão em público, vulnerável, exposto, despojado, em sacrifício...

Morre 2010, com muitas flores e sorrisos.

Nasce 2011, com todas as perguntas e incertezas.

Que assim seja!

EVOÉ!

Reflexão final: a descoberta de um teatro próprio

Por Laerte Sancho

Temos realizado um trabalho com alicerces “stanislavskianos” e “grotowskianos”, que nos levam a trabalhar a relação com o espectador, que buscamos atingir através da ação física. O foco do trabalho está na pesquisa teatral, onde experimentamos maneiras diversas de fazer teatro, sem fugir as bases, mas buscando sempre adaptações que preencham as necessidades que aparecem.

Além da função de ator, todos os integrantes do núcleo exercem diversas outras funções dentro do projeto, para que o mesmo ande, o que nos traz uma forte identidade de grupo e trabalha o senso de responsabilidade.

Ao “embarcar” no Núcleo de Teatro Universitário possuía e ainda possuo expectativas evolucionais teórico/práticas e de grupo, vejo hoje que o caminho a percorrer é longo e pode der árduo, afinal sempre temos obstáculo; e o maior deles, para mim é que devido a grande demanda de trabalho da época em que entrei, os grupos de estudo não aconteciam mais e a carga de treinamento havida diminuído, fora isso é claro que há a minha falta de técnica, há também esse tempo que desperdicei durantes anos sem estudo e sem aplicar o preceito mais difundido no núcleo, a autonomia do ator.

Hoje sou capaz de avaliar essa deficiência técnica graças ao trabalho realizado com meus colegas. Vejo a necessidade de me aprimorar, o que já estou buscando, finalmente exercitando o preceito adquirido.

Há o projeto escola itinerante de espectadores que funciona a partir do núcleo e tem como objetivo formar espectadores, mostrando-lhes o teatro de um podo que possam compreender sua importância e incentivando o interesse. Para tal usamos o espetáculo-jogo “... e o gato não comeu!!!” que tem o jogo todo explicito para assim ensinar sobre o fazer teatral as crianças, suas espectadoras; isso se soma a outros projetos e trabalhos realizados durante o percurso. Meu modo de contribuir com o trabalho tem sido com a pratica do trabalho de ator e de outras funções que apareceu, me preocupo com bom andamento do projeto, então ajudo com o que posso, penso que cada um contribuindo com pequenas coisas continuaremos a crescer, tanto individualmente como em grupos e em comunidade, onde temos feito muitos progressos.

Nossa relação com a comunidade tem caminhado a passos largos e tenho uma visão de um horizonte promissor.

Penso no trabalho realizado como exercícios dos mais diversos tipos como tudo o que venho dizendo até aqui inclusive essa reflexão mesmo; tudo o que tenho trabalhado me leva a crescer e de algum modo me dá o impulso para a realização de minhas expectativas iniciais de evolução. Desde a convivência com o grupo até a convivência comigo mesmo dentro do grupo me refletem bem além da superfície, com que estamos acostumados a nos ver, o que me leva a uma sensação incrível desse crescimento.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Feliz Natal e um 2011 tão produtivo quanto foi o nosso 2010!!


Relatório 2010 - Apresentações, oficinas...












Palestra com a profa. Maria Lúcia Pupo


Alunos e professores da UFPel participaram no último dia 10, no teatro do COP, de palestra com a profa. Maria Lúcia Pupo, da USP.

A palestra integrou as ações do projeto Núcleo de Teatro Universitário - Escola Itinerante de Espectadores, patrocinado pelo PROEXT-CULTURA.

Cerca de 60 pessoas debateram sobre a produção contemporânea e suas possibilidades no contexto do teatro na educação.



APRESENTA

PALESTRA SOBRE TEATRO NA EDUCAÇÃO
COM
PROFª DRª MARIA LUCIA DE SOUZA BARROS PUPO

DIA 10/12/2010
HORÁRIO: 19h
LOCAL: Teatro do COP
Entrada Franca

A professora Maria Lucia de Souza Barros Pupo possui graduação na Escola de Comunicações e Artes pela Universidade de São Paulo (1973), mestrado em Artes pela Universidade de São Paulo (1981) e doutorado em Etudes Théâtrales - Universite de Paris III (Sorbonne-Nouvelle) (1985), além de ter efetuado pesquisa de pós-doutorado em Tétuan, Marrocos (1996). Atualmente é professora titular da Universidade de São Paulo. Vem atuando na área de Artes Cênicas na licenciatura e no curso de pós-graduação, principalmente em torno dos seguintes temas: pedagogia, formação, teatro contemporâneo, ação cultural e dramaturgia.
As principais publicações de Maria Lucia Pupo são:
PUPO, M. L. S. B. . Entre o Mediterrâneo e o Atlântico, uma aventura teatral. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005. v. 1. 146 p.
PUPO, M. L. S. B. . No reino da desigualdade.Teatro Infantil em S.Paulo nos anos setenta. 1. ed. São Paulo: Perspectiva, 1991. v. 1. 159 p.

APOIO: PROEXT-CULTURA/MEC

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Debate sobre Teatro e Educação




Na noite de quinta-feira, dia 09 de dezembro, um grupo de alunos do curso de teatro da UFPel, bem como os integrantes do Núcleo de Teatro da UFPel, estiveram reunidos com a profa. Maria Lúcia Pupo. A reunião tinha como objetivo perceber as diferenças e semelhanças entres as licenciaturas da USP e UFPel.




O debate teve a seguinte organização:


1. problematização das questões fundamentais da licenciatura em artes cênicas da USP pela profa. Maria Lúcia Pupo.


2. problematização pelos alunos do curso de teatro da UFPel, a partir de suas experiências com escolas da rede pública de Pelotas.


3. Diálogo entre estudantes da UFPel e profa. da USP.




Estiveram presentes, além dos citados, o prof. Adriano Moraes (Coordenador do Núcleo de Estágio), profa. Vanessa Caldeira Leite, profa. Fabiane Tejada e Prof. Daniel Furtado (todos da licenciatura em teatro da UFPel).




O encontro ocorreu no Teatro do COP, atualmente, um espaço que atende aos cursos de teatro e dança.




A promoção do debate é parte do projeto Núcleo de Teatro Universitário - Escola Itinerante de Espectadores, por meio de recursos do PROEXT-CULTURA.




quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hoje é Dia de Leitura Dramática




Neste dia 02 de dezembro, às 18h, o Núcleo de teatro da UFPel está realizando leitura dramática de trechos dos textos do Escritor e Jornalista Aldyr Shlee, no Instituto São Benedito.

Elias Pintanel, Laerte Sancho e Mauricio Mezzomo foram convidados por Renata Requião para fazer a leitura dramática no IV Seminário Sobre o Atual Estado da Pesquisa em Literatura Comparada da Faculdade de Letras.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Mostra Núcleo de Teatro Universitário no COP



O Núcleo de Teatro Úniversitário da UFPel está realizando nos dias 03*, 04 e 05 de Dezembro no Teatro do COP (Rua Almirante Barroso, nº 2.540) a Mostra Núcleo de Teatro Universitário com a apresentação dos espetáculos: "...E o gato não comeu!!!", "A história é uma istória!!!" e "Comédia de Improviso.

Dia 04 é uma dia de "Comédia de Improviso" as 21h.

Dia 05 é dia de "... E o gato não comeu!!!" as 17h e "A história é uma istória!" as 21h

O valor é R$6,00 (R$3,00 para estudantes, professores e idosos)

*No dia 03 a apresentação será para a escola convidada.