terça-feira, 3 de agosto de 2010

Experiência em Paranaguá – PR


Mata Atlântica, bananeiras, muitas bananeiras, de um lado um paredão de rochas, do outro um precipício onde as nuvens deixavam a cargo da nossa imaginação inventar um fundo nesse abismo profundo; não levou mais de 1 km para a minha imaginação se perder e se aprofundar em outra névoa. Minha boca podia estar relaxada, mas, meus olhos sorriam depois de um fim de semana mais que especial.

Uma cidade maravilhosa, companhias agradáveis, viagem de avião, hotel confortável, boas refeições, absolutamente sem deixar nada a desejar e até um “gato” nunca antes tão espontâneo. Quando eu imaginaria em minha vida estar passando por momentos como estes proporcionados por meu próprio trabalho e esforço?

Nos olhos dos outros, percebo, por vezes, uma admiração com a rapidez que as coisas estão acontecendo comigo, afinal, estou cursando o primeiro semestre da faculdade, já faço parte de um projeto de extensão, acabo de ser contemplada com uma bolsa e já estou caindo na estrada com o teatro. Ok, tenho que concordar, nem eu seria capaz de imaginar uma possibilidade melhor dentro da realidade que estou inserida. Essa imersão no teatro não só me qualifica profissionalmente como me esclarece tantas das questões que me tiram o sono.

Era nesse cenário que duas vertentes de minhas idéias se digladiavam, de um lado a satisfação do aprendiz, do aluno ser sem luz, sendo iluminada pelas experiências vividas e de outro a insatisfação do real aproveitamento daquela vivência. A todos os momentos eu pensava: “é isso que eu quero para a minha vida, viver viajando, mostrando meu trabalho, trocando experiências, instigando as pessoas...” mas porque então a minha mente não relaxava e aproveitava a paisagem? Era como se eu estivesse jogando “é bom mas nem tanto” sozinha.

A vertente oposta a esse abrasileirado “sonho americano” era exatamente a possibilidade da continuidade dele uma vez que eu tivesse que andar com as minhas próprias pernas. Imagine essa mesma pessoa que vos escreve, formada, fora de uma instituição federal, sem qualquer apadrinhamento, cheia de conhecimento e vontades, conseguiria ela viajar o Brasil, o mundo com sua arte? Teria o apoio de sua pátria amada? Teria os ouvidos dos filhos desse solo?

Para Beuys, mestre da performance, as mudanças na estrutura social e política do mundo aconteceria somente a partir da arte. A história pessoal do artista transforma arte em política e política em arte. Beuys defende que “somente a arte, isto é, a arte concebida ao mesmo tempo como autodeterminação criativa e como processo que gera a criação, é capaz de nos libertar e de nos conduzir rumo a uma sociedade alternativa”.

Infindas Dialéticas humanas, achismos e achados à parte, mesmo ainda sem certezas, a principal lição que trago na mala, (lição essa tirada metade por coisas que gostei e a outra metade de coisas que não quero jamais repetir) é que a Educação é um dos pontos chaves para a solução de problemas que muitos artistas e profissionais em geral enfrentam na sua lida diária, e não só é como deve ser objeto de muita atenção e trabalho.

Amei a experiência e cada vez mais me orgulho de estar me tornando uma arte-educadora, quero mais!

Texto por Martha Grill.

Um comentário:

Maio disse...

mmmmm o que é? falsa modestia? creio que nao...nao faz teu tipo, um poquinho de charme talvez, mas enfim nada justifica tua preocupacao princesa morena, tu tem o dom do encanto, do carisma e da fascinação, vai chegar aonde quiser com tua arte de viver, uma bonita reflexão te trouxe paranagua, mas vez que outra descansa essa cabecinha exigente e perfeccionista e aproveita 100% dos teus momentos, nao vejo a hora te ver no palco. Beijo