A idéia de fazer um solo parte da vontade de concluir ou de recomeçar o trabalho interrompido de “Diário de um louco” de Gogol em 2009/2 no Núcleo. Por termos sido expulsos e , conseqüentemente, perder o espaço sede naquele momento a montagem não se seguiu, cessando o processo já no seu começo.
Naquele momento encontrei algumas dificuldades e várias perguntas surgiram na montagem, que me perturbava. Eram perguntas do gênero: como começar uma cena? Aonde vou? Que faço? Como construir o cenário? Etc.
Seguindo os trabalhos no ano seguinte, no dia-a-dia, nas leituras, nas outras montagens em grupo, algumas respostas foram sendo respondidas. Mas a vontade de fazer algo sozinho ainda existia, como se eu não tivesse cumprido aquela proposta. Era uma sensação.
Aproveitando agora esse período de ‘férias’, onde o tempo e a disponibilidade é maior, propus fazer um solo.
Primeiramente pensei em começar o solo numa idéia de recusa ao texto. Algo ainda difícil de fazer, mas compreensível. Não tinha a idéia de como começar, mas vinham princípios de cenas na cabeça. Sem texto referencial, ou outra coisa do gênero.
Mas sentia a vontade de retomar o princípio de CRIAS. Começando uma reaquisição de técnica e de envolvimento maior, através do treino, e a montagem sendo construída ao mesmo tempo. E sendo período de férias entraria algo que gosto: solidão no trabalho. Tendo assim tempo, espaço e tranqüilidade em fazer as cenas, e se concentrar mais em mim. Experimentar e construir.
Além de aprofundar questões teóricas vistas em Stanislavski e, principalmente, Grotowski.
Sentindo a necessidade de fazer uma montagem sem um ar realista. Algo que extrapole. A minha visão de arte, não é a de copiar a vida como ela é - deixo para a vida esse papel -, mas uma leitura dela e a partir disso uma construção e aprendizado. Já partindo da idéia de não incorporar um personagem e, enfim...
Concluindo, minha idéia de solo era fazer ele. Apenas isso. Eu. Com a ajuda do Adriano. Mas essa solidão, esta liberdade de poder fazer, acredito que nas férias é o momento mais propício. Descobrindo possibilidades e problemas que possuo.
Os objetivos da montagem são:
1) aprimorar técnicas de ator, a partir das poéticas de Stanislavski e Grotowski;
2) realizar um trabalho solo, experimentando o estudo na elaboração e qualidades na execução da cena;
3) ampliar a prática e conhecimento teórico referente ao treinamento físico do ator;
4) experimentar novas formas de recepção, contrapondo com o teatro italiano e a imobilidade do espectador - no que se diz respeito a sua locomoção entre cenas e envolvimento com elas.
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