sexta-feira, 1 de julho de 2011

Reflexão de Elias Pintanel sobre o Intercâmbio com a Un. Nac. de Tucuman, AR

Em Tucuman ministrei uma oficina em que eu mostrava a forma como criei uma estrutura de ação no projeto “Alpinistas: CRACKOLÂNDIA”. Falei um pouco sobre os estímulos usados para a criação dele, que eram todos sintomas de usuários de crack. A partir disso eles criaram algumas cenas com os estímulos que eu dava a eles. A idéia era usar esses estímulos para criar cenas como um treinamento de ator. O que me chamou atenção nos alunos de teatro de lá é uma técnica bem concisa, e uma capacidade de improvisação muito boa. Além dessa oficina olhei algumas aulas e cenas que eles estavam realizando a partir de textos do Beckett.



{imagem de oficina na Facultad de Artes da Universidad Nacional de Tucumán}

O curso de teatro de lá é diurno. As aulas se dividem pela manhã e pela tarde. Não tem projetos de extensão, mas os alunos passam o dia na faculdade ensaiando e estudando. A faculdade de teatro é num prédio pequeno, com poucas salas, mas com duas salas grandes de práticas. Eles também possuem problemas de infra-estrutura, mas não se houve reclamações sobre isso - reclamações que atrapalhem a rotina deles.


Uma dificuldade clara que tive foi em questão da língua. Que em poucos dias foi se resolvendo. Aliás, foram poucos dias. Ficou evidente que é necessário ficar por um tempo mais longo para acompanhar de mais perto o trabalho realizado cotidianamente.


{imagem do projeto Alpinistas: crackolândia - referência para a oficina com alunos da Argentina}

Não encontrei nenhum aluno que realizasse treinamento físico e uma rotina de trabalho como a minha. Apesar disso, praticamente todos os alunos vivem e estudam exclusivamente para o curso de teatro, tendo objetivos de trabalhar em companhias de teatro, em cinema, em Buenos Aires, etc.


A sensação que tenho é que deveria passar mais umas semanas, para haver uma troca mais forte de formas de fazer teatro. Mas foi muito bom ter tido essa experiência. O amor pelo teatro, o respeito que eles têm com o teatro, pelos homens de teatro é lindo. Vi pessoas que possuem uma companhia de teatro, que tem espetáculos em cartazes, que tem respeito pelo local de trabalho, pelo colega de profissão e sobrevivendo disso. Fazendo teatro pós-dramático para crianças, fazendo experimentos estéticos fantásticos, pesquisando, e aqui do lado! Aqui do lado. Isso mais me chamou a atenção. A distância que temos daquilo que está sendo feito aqui no país vizinho. Teatro Latino-Americano. Como nós.

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